domingo, 3 de maio de 2009

A Tecnologia do século XXI e a Arte Sensibilidade Educação

Não tem como falar em educação sem deixar de associá-la a tecnologia.
“Quando praticamos o ensino e aprendizagem da arte na escola surgem também questões que se referem ao seu processo educacional. Uma delas diz respeito ao posicionamento que assumimos sobre os modos de encaminhar esse trabalho em consonância com os objetivos de um processo escolarizado que atenda às necessidades de cultura artística no mundo contemporâneo”. (Ferraz e Fusari (1993: 15):

Os inventos da era industrial, como o cinema, o impresso, o rádio, já foram portadores diretos da popularização da arte. Foram invenções artísticas que possibilitaram de certa forma que o corpo vivenciasse e se deslocasse a sensações antes não experimentadas.
Neste sentido já se percebe como elementos de linguagem visuais, como formas, cores, espaços, relacionam-se com o pensamento e se conectam os fenômenos vitais.
Atualmente, o início do século XXI, está sendo marcado por uma violenta mudança na vida das pessoas. Todo o mundo passa pelas tecnologias: a religião, a indústria, a ciência, a educação e como não pode deixar de ser, a Arte. Uma educação competente pressupõe o uso e reflexão sobre novas linguagens.
As relações da arte, ciências e tecnologia são determinantes para se compreender o fenômeno artístico atual.
Na tecnologia moderna há uma complexidade e amplitude que possibilita uma intensidade de situações inovadoras que permite ações imediatas de participações e trocas entre artista-obra-espectador. A humanização das tecnologias constitui numa qualidade perceptiva e um domínio mental tanto do autor como do público.
Na arte tecnológica, o artista opera com a dimensão sensível de sistemas artificiais com o seu pensamento oferecendo através da arte momentos sensíveis de natureza diversas de experiências entre o mundo natural e a era tecnológica.
O uso da Internet aproxima a arte do público, oferece trocas de informações imediatas, produzindo e impulsionando em escalas planetárias, aproxima o público dos trabalhos e artistas, produções interativas, imprensa, museus virtuais, galerias em viagens virtuais.
Como diz Domingues, estamos vivendo uma era do pós-humano, do pós-biológico. A máquina, criação humana tornou-se sobe humana, inaugurando a era do corpo pós-biológico, isto é, ela possibilita a criação de personagens híbridos, metade humana, metade computador acoplados ou não ao corpo humano permitindo que órgãos sensoriais vivenciam situações antes não experimentadas, novas sensações e sentimentos. É uma arte de participação que obriga o espectador a tomar decisões no comando de ações mentais envolvendo vários sentidos e levando o corpo a experimentar sensações híbridas com as tecnologias.Possibilita ao espectador a modificar idéias propostas pelos artistas através de interações diretas adquirindo novas descobertas e abandonando a produção artística centrada a uma pura visualidade, possibilitando experimentos sensíveis na arte em tempo real.
A tecnologia interage com o sistema biológico que se conecta ao artificial e os processos mentais permitindo a propagação de auto-imagem, da identidade a partir de situações vivenciadas com a máquina oferecendo troca e descobertas novas.
Apesar de ser um relacionamento homem-máquina, não podemos deixar de perceber a sua ligação com a sensibilidade e a poética que esta nova linguagem podem causar, e logo não perder o sentido de ser também portadora de aspectos sensíveis na educação.
O fato da linguagem computacional gerar e modelar animações, e visualizações, gerando vida artificial em animais, seres, criação de ambientes numa realidade virtual, substituindo todo e qualquer aspecto presente no mundo da matéria, em forma de sons, formas, textos, que são possíveis de serem remodeláveis em qualquer momento e situação, aplicando neste contexto aspectos psicológicos, sociológicos, biológicos, é um fato direto de apresentar e se perceber a sensibilidade humana interagindo com o maquinário moderno.

“a velocidade dos processadores, a capacidade de armazenar informações, os sistemas interativos que entendem sinais naturais fazem com que as tecnologias numéricas contem com computadores cada vez mais biológicos e com interfaces com sensibilidade mais humana, o que aponta para uma vida com as tecnologias se naturalizando e o corpo se tecnologizando” (DOMINGUES, org., 2003, pp. 110-111).

Acabasse, então, com as verdades acabadas. A arte se torna um reflexo, e transformações no tempo, em desordens, reordenações. Somente a tecnologia permite ganhar essa movimentação com forças invisíveis, transpor camadas de som, luz, colocando aos olhos e nas mãos do homem tantas ampliações no campo da percepção. O espectador deixa de ser passivo, participa e se confunde com o autor. A obra existe enquanto acordada pelo público.
A arte tecnologia deve ser vista como um a arte de interação e participação, de partilha, que reorganiza sensibilidades, trocas, circulando com uma linguagem própria que supera a arte pura, enfatiza mudanças, metamorfose em tempo real. E a Educação em Arte deve estar aberta para não ser apenas uma forma técnica de educação.

Referências Bibliográficas
DOMINGUES, Diana (org.) A Arte no século XXI: a humanização das tecnologias. São Paulo: UNESP, 1997
Arte e vida no século XXI: tecnologia, ciência e criatividade. São Paulo: UNESP, 2003.
FERRAZ, Maria Heloisa e FUSARI, Maria F. Metodologia Do Ensino Da Arte. São Paulo: Cortez, 1993.

Aprendizagem pela Arte

Existe uma grande necessidade de buscar significados sociais, as pessoas vivem alienadas e o ensino se instala sem uma mediação entre o sujeito que a prende e o conhecimento.
Fatos sociais são encarados de forma diferente pelos seres humanos, devido a subjetividade de cada ser.
Para Vygostky, a aquisição do conhecimento supõe funções psicológicas como a linguagem, imaginação, atribuição de significados, construção de sentido. Neste contexto a aprendizagem da arte exige-se pensamentos complexos. Compreender e produzir arte desenvolve estratégias intelectuais como análise, inferência, resolução de problemas entre outras, potencializa a habilidade manual, desenvolve os sentidos e a mente, ou seja, as capacidades de interpretar, compreender, representar, imaginar.
A arte contribui para justificar a sociedade.
A arte industrial considera as habilidades e contribuem para o desenvolvimento dos pais na economia, ela acompanha paises mais desenvolvidos, no âmbito moral, ela favorece o cultivo da vida espiritual e emocional, expressando sentimentos e emoções do mundo interior.
“Através da arte, pela fruição de objetos ou situações criados e presentados-representados pelo artista (...), os indivíduos podem, no ato de presenciar o novo, apreender uma nova visão de mundo; esse experimentar/ver amplia-lhes a consciência da realidade, enquanto simultânea e dialeticamente podem se ver, tornarem-se observadores de si próprios vivendo essa situação – ou seja, ao mesmo tempo em que mergulham numa realidade até então inusitada, pelo distanciamento e reflexão sobre seu próprio pensar e sentir ensejam em si próprios uma ampliação tanto da consciência como da autoconsciência” (PEIXOTO, 2003, p. 56).

Peixoto deixa claro o papel da Arte na própria apreensão da vida, é na Arte que o aluno vê a possibilidade de ver as várias faces do mundo, de perceber como as visões e comportamento diferenciadas de cada sujeito em cada situação se comporta o que abre sua consciência para uma reflexão critica, colaborando para o seu desenvolvimento integral e como cidadão.
Através da arte crianças desenvolvem a percepção visual, a observação, analisa e desenvolvem habilidades criando, comunicando e produzindo imagens, sustentando assim a racionalidade.
Histórica e culturalmente as artes, e os artistas manifestaram a cultura de sua época e de seu povo. A Arte é uma cultura visual.
Compreender a educação de Artes requer conhecimentos interdisciplinares com abordagem de diferentes culturas de outras épocas e lugares para favorecer a interpretação e a realização de produções, como conhecimento de si e do mundo. Uma estrutura transdisciplinar atitudes de relação, interpretação, critica e um processo de aprendizagem constante.

“Quando o artista está vivo em qualquer pessoa, qualquer que seja o seu tipo de trabalho, ela se torna uma criatura inventiva, pesquisadora, ousada, expressiva. Torna-se interessante aos olhos de outras pessoas. Perturba, agita, esclarece e abre o caminho para uma melhor compreensão. Quando aqueles que não são artistas estão procurando fechar o livro, ele o abre e mostra que ainda há um grande número de páginas possíveis. (HENRI, apud EDWARDS, 1984, p.17).

A Aprendizagem da Música, da dança e do teatro e suas relações com as sensações
Braga, em seu artigo Arte e sensação: A natureza sintética da sensação na experiência artística segundo Gilles Deleuze, enfatiza como a Arte envolve os sentidos, a emoção, e a sensação. Os nossos sentidos em contato com uma cor, um gosto, um toque, um odor, um ruído, um peso, instantaneamente causa uma sensação.
No caso da música, o ser humano antes mesmo de começar a falar já desenvolve um pensamento musical, através de sons e silêncio articulados desenvolvendo a linguagem musical. Ela é a forma mais antiga expressão. Ajuda a diminuir as barreiras da palavra. Na aprendizagem, el desenvolve capacidades, habilidades e competências.
“A música como sempre esteve presente na vida dos seres humanos, ela também sempre está presente na escola para dar vida ao ambiente escolar e favorecer a socialização dos alunos, além de despertar neles o senso de criação e recreação”. FARIA (2001, p. 24),

Segundo Braga, o ritmo coloca uma sensação de Devir, colocando o ser num terreno de fluxos descodificados, desmaterializados. Como já citado no primeiro capítulo, Betty Edwards, utiliza-se da música apropriada para diminuir o ritmo cerebral e ajudar o lado direito do cérebro, estimulando a liberdade de sensações para efetuar trabalhos artísticos.
Jandot, também fazer referência a música relacionando-a a aspectos sensoriais. O som que chega aos nossos ouvidos na forma de ondas, as sensações psicológicas abstratas causadas pelos ritmos, transforma numa linguagem emocional e pré-verbal que leva os seres humanos a se comunicarem entre si e até com o próprio universo, uma vez que alguns autores como Pitágoras, em sua obra A Musica das Esferas, O Grito dos Animas, de Darwin, explicam o surgimento da música através do movimento dos planetas no espaço.
A música deve ser entendida e ensinada, não só por ser um patrimônio da humanidade. A escola deve incentivar trabalhos onde propicia ao aluno o aprender a ouvir, perceber, descobrir, imitar, repetir sons e estimulá-los a fazerem suas próprias pesquisas sonoras, desenvolvendo a capacidade de sentir, viver e de apreciá-la.
A dança além de carregar elementos históricos, culturais e sociais, ela permite um tipo diferenciado de percepção e compreensão do mundo. É uma forma de conhecimento que envolve a intuição, a emoção, a imaginação e a capacidade de comunicação, além da memória da interpretação da análise, da síntese e da auto crítica, aprendizagem de atitudes e valores.
Artística e esteticamente, através de nossos corpos aprendemos a nossa identidade, ou seja, ela auxilia no autoconhecimento. Ela permite explorar, experimentar, gestos e movimentos corporais, sensações e sentimentos num processo de livre expressão.
Portinari, em História da dança, menciona o surgimento da dança na pré-história, quando os homens batia os pés ritmicamente para aquecer e se comunicar. Já nos primórdios já se tem o conhecimento de sua quanto a harmonia do corpo e espírito.
A educação dramática se refere ao processo de vida, e uma forma de comunicação e de linguagem, onde situações imaginárias desenvolvendo a sensibilidade para relacionamentos pessoais, liberação emocional, o ato de imitar acomoda dentro da estrutura cognitiva, interiorizando saberes, relações, significativos tanto nos aspectos lógicos, sensorial e emocional.
O teatro tem grande importância por ser uma maneira de levar o aluno a se autoperceber, auto-reconhecer, se autodescobrir. O aluno fica mais perceptivo, além disso, contribui pra a formação de idéias, emoções e sensações. No jogo dramático, o trabalho emocional, a memória e a empatia também são trabalhadas, contribuindo para a formação de seres mais responsáveis tanto com eles próprios como com o grupo, por adquirirem autodisciplina..

“O teatro nasce quando o ser humano descobre que pode observar a s mesmo, ver-se em ação. Descobre que pode ver-se no ao e ver...” (BOAL, 1996, p. 27)

Artes Visuais E A Educação da Sensibilidade
As Artes Visuais é uma forma de comunicação humana, que transmite informações, relações e causam sensações diversas nos indivíduos.
Através de signos, símbolos, técnicas, materiais, e das mais diferentes formas de linguagem, mensagens são passadas e transformadas em nossas estruturas mentais, desvelando descobertas inovadoras de nosso interior. Eles são meios de comunicação, sejam elas passadas de modo consciente ou inconsciente, ela causa algum tipo de sensação, comportamento em quem a aprecia. Ela comunica uma mensagem do autor para o espectador, é uma comunicação antes de tudo social.

Como qualquer outro elemento que integra a sociedade a comunicação somente tem sentido e significado em termos das relações sociais que a originam, nas quais ela se integra e sobre as quais influi. Quer dizer que a comunicação que se dá entre as pessoas manifesta a relação social que existe entre essas mesmas pessoas. Neste sentido, os meios de comunicação devem ser considerados, não apenas como meios de informação, mas como intermediários técnicos nas relações sociais.(BORDENAVE, 1993, p.12).

Cinema, teatro, televisão, ambientes virtuais causam as mais diferentes sensações, massificam a Arte e a popularizam, tornando um meio de comunicação acessível e de fácil compreensão perante o público.
Já no caso das artes bi e tridimensionais, a leitura das obras podem se tornar mais complexas. Mas, tal complexidade nunca deixa de trazer ao fruidor algum tipo de sensação.
Com as novas descobertas psicológicas e os novos movimentos artísticos da arte, as imagens do inconsciente vão ganhando importância, revelando uma verdadeira essência expressiva.
Sonhos, criações espontâneas, imagens delirantes, são exemplos de produções de obras expressivas que mesmo advindas do inconsciente podem causar sensações de angústia, medo, com uma lógica própria. Entender uma obra pressupõe uma inferência estabelecida pelas relações de idéias formadas pelas sensações combinadas com fatos e idéias, conduzindo a um processo de reflexão que ultrapassa qualquer outro tipo de leitura. O sistema nervoso apreende a sensibilidade no contato com o objeto sensível, transportando para o exterior em forma de comportamento.
“Por meio da arte as emoções tumultuosas tomam forma e são gradualmente despotencializadas, objetivando forças curativas que se movem em direção à consciência, isto é, à realidade”. (SILVEIRA-2001,p.17)


Referências Bibliográficas

BOAL, O arco-iris do desejo: o método Boal de teatro e terapia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996
BORDENAVE, J. D. & Pereira, A. M. Estratégias de ensino-aprendizagem. Petrópolis, Editora Vozes, 1993
BRAGA, Eduardo Cardoso. Arte e sensação: A natureza sintética da sensação na experiência artística segundo Gilles Deleuze. Revista Digital Art& - ISSN 1806-2962 - Ano II - Número 01 - Abril de 2004.
EDWARDS, Betty. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Tecnoprint, 1984.
JEANDOT, Nicole. Explorando o universo da música. São Paulo: Scipione, 1990.
PORTINARI, Maribel. Historia da dança. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1989.
FARIA, Márcia Nunes. A música, fator importante na aprendizagem. Paraná: Assis chateaubriand Centro Técnico-Educacional Superior do Oeste Paranaense, 2001.
SILVEIRA, Nise de. Mundo das Imagens. São Paulo: Ática, 2001.

A Arte Essência da Formação Humana. O Papel da Arte Na Evolução

“Desde a antiguidade nas cavernas que o ser humano se expressa com a arte fazendo pinturas por toda parte cantando e dançando com as pernas Estudando o avanço das artes modernas apreciando o que é belo de se ver vemos que a arte é parte do ser que é racional e tem subjetividade Enquanto existir humanidade o fenômeno estético não irá morrer.” (GALLO,1999:92)

Ernest Fischer em seu livro “A Necessidade da Arte”, explica como a Arte contribuiu para a transformação do macaco em homem.
Pela sua forma de se apropriar e transformar a natureza, este ser primitivo, que um dia viraria homem foi criando instrumentos de trabalho que aos poucos foi facilitando sua sobrevivência. A partir deste trabalho de construção de instrumentos, uso das mãos foi essencial para chegar à razão.
A inteligência humana foi se estabelecendo conforme ele estava conquistando mais poder sobre a natureza.
Usar ferramentas de forma adequada para se conseguir um alimento é a descoberta que enraizou toda magia da arte.
O processo de transferência do uso da ferramenta para o pensamento, ou seja de aproveitá-lo para fazer algo que fosse uma benfeitoria a si mesmo, chega ao cérebro. A repetição destas experiências, a padronização da construção de ferramentas e de todo processo de uso das mesmas, trouxe o aperfeiçoamento não só no aspecto material deste objeto propriamente dito, mas um aperfeiçoamento cognitivo ao homem primitivo.
Biologicamente, este processo contribui para a sua mudança física, o uso de objetos feitos de pedras esculpidas que auxiliam a cortar alimentos substitui o trabalho dos dentes e das unhas no ato de parti-lo.
Homem passa a antecipar os resultados. Passa a produzir algo com a finalidade pré-estabelecida, a produção destas ferramentas, então se torna um fazer consciente.
Este processo favorece os seres humanos, e possbilita a esse novo ser que está se formando outras possibilidades e potencialidades. Nasce um tipo de comunicação. A linguagem através de sons articulados, entonações sonoras, rítmicas, imitações de gestos começam um desenvolvimento de vocabulário. Essas novas palavras que agora fazem parte de sua vida traz a tona a arte da gramática.
O homem se faz racional. A linguagem expressa seus reflexos, condicionados pelo interior do sistema nervoso dos seres, seus sentimentos, as emoções articulam-se então, a signos que adquirem semelhanças. A palavra estabelece como propriedade sobre os objetos. A consciência se estabelece, agora o homem começa a abstrair, conceituar objetos e identificar suas semelhanças. Os signos no seu grupo servem para organizar a coletividade, surgindo as primeiras sociedades.
O homem torna-se um ser ativo, sujeito de si mesmo e a natureza objeto dele. Aprendem a fazer trocas não só de ferramentas, mas de todos os bens que traz da natureza, alimentos e principalmente intercâmbios cognitivos, de se aprender a produzir algo, de usá-lo, de torná-lo de utilidade comum a todos do grupo.
O primeiro homem a fazer um instrumento, tornou-se o primeiro escultor, O primeiro a dar nome aa algum objeto, o primeiro artista da área. O primeiro a trabalhar ritmos, o primeiro poeta. O primeiro a se disfarçar para caçar o primeiro personagem teatral. O primeiro a se cobrir o corpo, o primeiro estilista. Todos se tornam pioneiros, os pais da Arte.




A Arte protagonista da Cultura
]Ao passar os séculos, o homem continua usando a arte como uma expressão direta de contato consigo mesmo, com a natureza e com sua adaptação com o mundo.Impulsionado pelo sentimento o homem inventa, se renova, sente as transformações do mundo e se ajusta a ele tanto em aspectos materiais como imateriais.
A arte não só contribui para a libertação individual da personalidade humana, mas cria e criou em todos estes anos uma identidade cultura em cada povo. Contribuindo par o mundo de se olhar o mundo, transformando o homem em agente transformador, que almeja através de sua auto-expressão objetivando difundi idéias, divertir e influenciar atitudes e comportamentos.
Individualmente, ela é libertadora da personalidade, onde o ser humano comunica sentimentos e pensamentos, valores e emoções.
Em se tratando em cultura coletiva, características espirituais, materiais, intelectuais e afetivas caracterizam um povo. Neste contexto as Artes conecta com o modo de vida influenciando este povo em relação a valores, tradições, crenças, em aspectos econômicos, psicológicos, simbólicos, consolidando uma identidade própria, uma imagem.




A arte como Conhecimento
As pessoas colocam em op emoção e razão, tendem a achar que a Arte é lazer, diversão, contemplação e objeto de consumo. Na escola, a arte é apenas uma disciplina que dá suporte a outras. Ignoram sua capacidade em ser e produzir conhecimentos.
Segundo Freitas, a Arte é vista como belo, quando associada a Renascença, como um contágio, no que diz respeito que o artista passa seus sentimentos para o leitor ouvinte e espectador, e que mais é comum no meio escolar é que se trata de livre expressão, que trabalha na dimensão afetiva do ser humano, ignorando dimensões humanas do caráter afetivo, cognitivo e social, ainda como interdisciplinaridade, ignoram-se as especificidade de cada área, e como objeto de consumo, a sua aquisição de obras de arte, proporciona status, passando a arte a ser algo elitizado, e contribuindo a exclusão social e cultural.
É preciso superar estas visões sobre a Arte. A arte é sobretudo uma forma de conhecimento, construção e expressão, como defende Freitas.

“Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.” (Barbosa, 2003, p. 18)

Cabe a nós educadores, refletir sobre a prática do ensino da Arte e colocar esta disciplina em seu lugar.
As palavras de Barbosa expressam a arte no seu todo potencial a de levar o aluno a construção, experimentação, expressão e reflexão de si mesmo e do mundo que o cerca, caminhando assim para um desenvolvimento de uma sociedade. Com ao equilíbrio entre a emoção e a razão que a muito tempo tem sido ignora no processo ensino-aprendizagem.

“As Artes fornecem um dos mais potentes sistemas simbólicos das culturas e auxiliam os alunos a criar formas únicas de pensamento. Em contato com as Artes e ao realizarem atividades artísticas, os alunos aprendem muito mais do que pretendemos, extrapolam o que poderiam aprender no campo especifico das Artes. E, como o ser humano é um ser cultural, essa é a razão primeira para a presença das Artes na educação escolar.” (Ferreira, 2001, p. 32)

O ato de se construir/fazer/produzir arte implica um processo que passa pela mente, pelos sentidos pelas emoções até chegar as mãos e concretizar o trabalho. Envolve um campo de conhecimento até mesmo inatingível pela lógica cientifica, tornando em suma muito mais completa por envolver o homem em todas as suas dimensões: cognitiva, afetiva e social.
Pela arte o homem tem criado sua cultura, transformando a natureza tanto no caráter técnico, racional e estético, alicerçando o trabalho.
Cada produção traduz uma visão do artista que vive em determinado tempo, o espírito da época, ideologias de classes e de grupos, valores presentes na vivencia e na criação num caráter intelectual além do emocional, revelando a idéia que a arte é conhecimento.
Conhecimento este que não deve ser considerado um meio para outras áreas do saber, mas deve se visto como um fim, um saber com suas próprias especificidades, com seus próprios objetivos e conteúdos, numa concepção que envolve beleza, simbologia e diversidade de linguagem.
Arte é um trabalho de pensamento emocional.
Repensar a aprendizagem artística envolve diferentes tipos de conhecimentos, criação de significações e é fundamental para a transformação do ser humano.

“Sem a nova arte não haverá o novo homem.” (Vygotsky, 2001, p.329)


Referências Bibliográficas
BARBOSA, Ana Mãe Tavares Bastos. (Org.) Inquietações e mudanças no Ensino da Arte. São Paulo: Cortez, 2003. 184p.
FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
FREITAS, N. K. Imaginário Comunicação e Conhecimento. Pelotas: Editora UFPEL, 2004.
GALLO, Sílvio (coord). Ética e Cidadania – Caminhos da Filosofia. 5. ed.São Paulo: Papirus, 1999.
VYGOTSKY, L. Psicologia da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

O Homem e a Sociedade Que Queremos Formar

A educação formal deve no contexto do mundo contemporâneo levar em conta toda a complexidade tanto do homem, como da sociedade. Os atores responsáveis pela sua execução devem ser reflexivos e críticos a ponto de poder usar ela como meio de transformação de nossa realidade, introduzindo um novo modo de pensar, sobre todas as relações existentes em nosso planeta. Nosso mundo demanda por um novo desafio no que diz respeito à educação: sensibilizar os homens, para que a sociedade seja realmente justa.
Apesar de se tratar de contemporaneidade, essa busca vem desde tempos remotos de nossa humanidade.

“Sócrates sabe que o novo saber, o novo conhecimento que ele preconiza será concernemente ao homem e não as estrelas, e que ele começará pelo próprio homem e não pelos objetos do mundo, o homem aqui considerado será certamente concreto, se tratará de camponeses e artesãos, artistas e pensadores, militares, magistrados, mulheres e sacerdotisas também.” (Misrahi, abud Rios, 2002, p. 149)

O novo saber deve protagonizar sobre o Homem. Para poder formá-lo é preciso antes de qualquer coisa conhecê-lo, ou ainda se autoconhecer. Devemos retornar a observar nossos pensamentos, idéia, emoções e anseios.
O ser humano é um ser complexo. Todas as suas emoções, sentimentos e ações são frutos de experiências adquiridas pela suas relações pessoais, vínculos e formação. É um todo fragmentado em partes, entendê-lo em sua complexidade pressupõe relacioná-lo com o seu meio, condições econômicas, política, psicológica, afetiva, mitológica, etc ou seja, a concepção global. Toda complexidade deve estar envolvida na realidade. Em seu interior há ilusões e erros. O Homem acaba sendo a soma de vários eus, uma identidade instável, onde cada indivíduo vê o mundo de forma subjetiva, sem deixar de ser um todo social.
Nossa sociedade é formada por estes tipos de indivíduos. Somos um espelho de todas essas considerações apontadas, somos seres diferenciados que carregamos essas bagagens interiorizadas de forma semelhantes, somos seres que constratamos em nosso interior, que confrontamos idéias, pensamentos e sentimentos que se afrontam e nos trazem atritos particulares, cotidianamente. E com essa mentalidade, sem nos conhecermos e meditar sobre o que somos formamos algo muito mais complexo, a sociedade. Uma sociedade reflexo de seus cidadãos.
A sociedade que queremos formar é outra muito diferente da que estamos habituados a viver e a se conhecer historicamente. O homem tem buscado uma sociedade que também tenha uma essência, e que nessa essência encontre a felicidade. Felicidade adquirida por um conjunto de relações homem-homem, homem-natureza, homem-sociedade, mais justa e digna, não diferente do que pretende encontrar dentro de si mesmo. A sociedade que almejamos a muito tempo é uma sociedade que tenha por fim a felicidade planetária. Com indivíduos solidários, participativos e sejam conscientes de si mesmos, de seu lugar no mundo e de suas responsabilidades perante a natureza e a sociedade organizada. E, que encontre em sua forma de participar dessa sociedade o prazer de dela pertencer.
Mas, a consciência social que encontramos atualmente é uma consciência insensível presente ns relações homem-homem, homem-mundo. O homem está muito longe de estar caminhando em direção ao que realmente almeja interiormente, ele tem se comportado de forma indiferente, andando pro lado oposto ao que realmente deseja concretizar. Isto tudo é reflexo de sua falta de auto- conhecimento, de se compreender no seu mundo e de percebê-lo como parte de sua felicidade tanto no âmbito pessoal como no coletivo.
Compreender-se é, portanto, a finalidade primordial da comunicação humana. Comunicação subjetiva, comunicação inter-relacional, comunicação com a natureza, comunicação com a sociedade. Compreender é um processo tanto intelectual quanto sentimental, pressupõe inteligência e sensibilidade.

“Já aqui se aponta uma necessidade de superação da dicotomia que se faz entre razão e sentimento (...) É preciso resgatar o sentido da razão que como característica diferenciadora da humanidade, só ganha sua significação a articulação com todos os demais “instrumentos” com os quais o ser humano se relaciona com o mundo e com os outros – os sentidos, os sentimentos, a memória, a imaginação.” (Rios 2002, pp.44 e 45)

Entretanto, estas idéias estão ausente na educação. Não cabe a educação considerar apenas saberes e aptidões, Não há uma compreensão que abranja todos estes conceitos. É urgente a necessidade de uma reforma educacional que atenda a estas perspectivas. Que busque respostas e soluções através de meditações introspectivas profunda.

“Não podemos nos furtar a essa projeção para o futuro, pos que o ato de educar engendra esse fator de construção, conquanto seja o homem o projeto de si mesmo. Somos antes de mais nada, construtores de sentidos, porque, fundamentalmente, somos construtores de nos mesmos, a partir de uma evolução natural”. (Cortella, 1988, p.32)

Cada indivíduo vê o mundo de forma subjetiva, forma esta que se estrutura em sua mente. Apor isso, a reforma da mentalidade, ou seja, do pensamento é vital.
A mente humana aspira por mudanças drásticas. O homem que o mundo demanda formar é um homem sensível, reflexivo, crítico e atuante. Um homem que reaja contra a desumanização. Um homem com valores éticos, capaz de usar de empatia e olhar para o mundo com olhos apaixonantes. Formar o homem que apesar de sua liberdade, seja responsável, com compromissos sociais, que seja participativo na sociedade, e esta por sua vez, então, sim, se tornará mais justa.
A educação pressupõe primeiramente reformar o pensamento. Por isso, é importante entender a mente humana.

Referências Bibliográficas
CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos. São Paulo: Cortez, 1999.
MORIN, Edgar. . Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.
RIOS. Terezinha Azerêdo. Ética e Competência. São Paulo: Cortez, 1999.

A Educação

Educação
Etimologicamente, educar vem do latim educare, tirar de fora de, conduzir para, modificar um estado.
A educação existe desde que existe o homem, propriamente dito.
A linguagem, o trabalho, a origem da civilização e da sociedade organizada foram se alicerçando através de conhecimentos que cadfa povo foi adquirindo e pela transmissão destes conhecimentos que foram passadas de gerações para gerações.
As mudanças que foram ocorrendo em cada época trouxeram, a cada povo novas necessidades que desencadearam novos conhecimentos e métodos de passarem para as gerações futuras.
A educação informal está presente em todas as nossas relações. A educação passou a ser formal no momento que deixa de ser uma transmissão de conhecimentos de pais para filhos e passa a ter pessoas ou lugares próprios para essa finalidade.
Cada época demandou e demanda um tipo de educação e de conhecimentos específicos.
Em nossa sociedade contemporânea, ela se vê presente nas mais diversas formas, desde os mais primitivas como a família, a igreja, como nos meios mais atuais como a televisão, a mídia, computadores, imprensa em geral. Seu papel como educadora está em conduzir para uma homogeneização de gostos culturas, necessidades que massifica e conduz os indivíduos a uma alienação pretensiosa de manipulação de valores.
Neste jogo de disputas sobre as mentes humanas, a escola, como instituição formal da educação acaba tendo um papel desprivilegiado, e menos sedutor que seus concorrentes. O aluno acaba desconhecendo sua finalidade, função, pertence a ela de forma inconsciente.
O que o ensino tem realizado, porém, é a busca do conhecimento do todo pela via externa, ou seja, a realidade analisada fora de mim. O que a nova visão traz é a necessidade de se percorrer, também, o caminho inverso, isto é, recompor o todo como ele se configura em nós, em como ele nos configura, em nós encontrando suas contradições que são nossas, no que nos habilitaria a reconfigurar ao reconfigurarmo-nos, refazer ao refazermo-nos, por conhecer ao conhecermo-nos. TAVOLIERI, P.53)


Referências Bibliográficas
TAVOLIERI Filho, Renato. A Escola do Sentir – A Aliança Entre O Racional E O Emocional. Faculdade Federal de Santa Catarina. Tese de Mestrado em Engenharia de Produção. Florianópolis, 2000.

COMPREENDENDO A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA

1.2. A Sociedade
A transição do século XX para o século XXI está marcado pelo processo de globalização que expandiu-se em nosso planeta, diminuindo distâncias e facilitando o acesso as informações. Os meios de comunicação progrediram de forma acelerada interligando cada ponto do planeta numa velocidade surpreendente. Mas por outro lado, há um paradigma incontestável. Como diz Rios, separou-se o sujeito do conhecimento, o objeto do conhecimento. As pessoas não se percebem sujeitos esta sociedade.

“Uma das características desse mundo é o que Hobsbawm (1997:7) chamou de “presentismo”, uma consideração apenas do momento presente, desligamento das raízes do passado e ausência de perspectiva em relação a continuidade da vida e da Historia...”(RIOS, 2002,p.36)

As pessoas não refletem mais sobre o porquê se surgiu uma sociedade. Os homens esqueceram que se tornaram homens, por um conjunto de intercâmbios que somatizaram em relações diversas. Atualmente percebe-se tal relação deixada para segundo plano. Nossa sociedade tornou-se relações de produção e consumo, mídia, organizações políticas corruptas, a degradação ambiental, a falta de equilíbrio e harmonia, falta de tolerância étnica e religiosa, estas são apenas expressões maiores da perda da sensibilidade da população humana.

“O pensamento hoje em dia está distorcido está voltado ao lucro imediato e um objeto só é útil de fato se em série puder ser produzido e sua venda no mercado garantido só que nós não podemos esquecer que o ser humano precisa ter prazer pois ele também tem sensibilidade e enquanto existir humanidade o fenômeno estético não irá morrer.”(GALLO,1999, p.93)
Referências Bibliográficas
GALLO, Sílvio (coord). Ética e Cidadania – Caminhos da Filosofia. 5. ed.São Paulo: Papirus, 1999.
RIOS. Terezinha Azerêdo. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez. 3.ª edição, 2002.

COMPREENDENDO O HOMEM NO MUNDO CONTEMPORÂNEO

1.1. O Homem
O sentido de nossa existência é um tema presente e toda a História. Nos primórdios já se indagavam sobre a busca de nossa identidade e explicações para a nossa existência.
Segundo Cortella, Aristóteles afirmava que o homem é um animal racional; Platão, um bípede implube, Fernando pessoa que o homem é um cadáver adiado.
Na Antigüidade Platão, dedicou-se a elaborar uma tese sobre a busca da explicação do conceito Homem, como um todo, sendo então um composto que participa dos dois mundos, da junção de um mundo material que é o corpo e a essência que é a alma.
Passado o tempo, as ideologias de cada momento histórico, o mundo material passou a ser valorizado de modo que a essência foi se tornado insignificante para muitos estudiosos. Assim, o mundo em assumido um perfil materialista e o homem reflexo dele.
No século XX, com o surgimento de tantas novas ciências como a psicologia, a biologia, a sociologia, entre outras, o homem passa a ser estudado sob suas várias características tanto no aspecto físico como em suas relações com o meio. A psicologia passa a estudar os seus sonhos, seu mundo imaginário, o inconsciente, suas sensações, como se a dualidade da teoria platônica volta de alguma forma a contribuir de uma forma mais cientifica para a exploração do Homem, resgatando de alguma forma a sua essência. Na essência achamos o lúdico, o delírio, a afetividade, enfim o emocional.
As necessidades da vida diária, as atividades utilitárias, o comportamento social aparece intercalar as necessidades do corpo material e as necessidades essenciais.
O Homem não é só a junção do material e do emocional, ele é um ser com inteligência empírico-racional, que entra constantemente em conflitos internos entre a razão e a emoção, e por mais que a prática da vida contemporânea busca caminhar para a parte racional, o homem jamais aboliu o conhecimento simbólico, mítico, mágico e poético.

Existe ao mesmo tempo unidade e dualidade entre o Homo faber, Homo ludens, Homo sapiens, Homo demens. E, no ser humano, o desenvolvimento do conhecimento racional-empírico-técnico jamais anulou o conhecimento simbólico, mítico, mágico ou poético.” (MORIN, 2000, p.99)

O equilíbrio entre o racional e o emocional deve ser a procura maior do ser humano, que através desde equilíbrio ele pode chegar enfim a felicidade.
A busca do homem sempre foi pela melhoria de vida, da satisfação individual, o que chamamos de Felicidade. Esta busca é a maior prova consciente de uma busca racional que está subordinada a uma atividade sensível. Assim, o homem deve ser visto não apenas como um ser racional, já que não existe razão se não aquela que nunca se desvincula com a imaginação, memória e sensibilidade, “o racionalismo que ignora os seres, a subjetividade, a afetividade e a vida é irracional”. (Morin, 2000, p.14)

“Para Aristóteles, a finalidade da ação humana é a felicidade, que, segundo ele, consiste numa atividade racional, própria do ser humano. Na Ética, o filosofo aponta como experiência da felicidade a atitude contemplativa e afirma que o homem deve subordinar a atividade sensível a atividade racional.” (RIOS, 2002,p. 119)

Assim, no entanto, o homem é um ser racional e sensível que busca em suas ações e pensamentos a Felicidade.

“Felicidade é aquele modo de estar-no-mundo que ninguém queria perder. (...) O modo feliz de ser-no-mundo corresponde a uma sentimentalidade inteligente, criadora e livre (...) O que Aristóteles diz, na verdade, é que a felicidade consiste em viver inteligentemente. E como (...) a inteligência do homem é criadora, trata-se, em ultima análise, de viver criativamente.” (RIOS, 2002, pp. 119 e 120).

A Mente Humana
A mente humana se distingue dos outros seres vivos por ser racional. A esta característica a ba se fundamental biológica está encarregada o cérebro. É através deste órgão que o ser humano pensa. O pensar é o fundamento básico que leva aos processos mais complexos como o questionamento, a reflexão, a ação, os movimentos, a reordenação, a tomada de decisões. Por isso, como diz Morin, investigar e compreender este processo é entender o pensamento, o sensório motor, o emocional, suas combinações que leva a integração e harmonia das ações humanas.
Cientificamente, atribui-se ao lado esquerdo do cérebro, o raciocínio lógico e a linguagem, e o poder de ser dominante ou o principal. Segundo pesquisas realizadas pelo Dr. Roger Sperry, brindado com o Premio Nobel d Medicina e Fisiologia em 1981, e sua equipe, lado direito torna-se subordinado ao esquerdo.
Esta pesquisa se tornou de vital importância para quem estuda os processos mentais em varias áreas, inclusive na educação.
Se entendermos os processos cerebrais, teremos como envolvê-lo e aproveitá-lo. Neste entendimento melhoraríamos as situações de aprendizagem.
Se hoje a educação se baseia em estudos psicológicos, sociológicos, antropológicos, para se conseguir teorias, o estudo da Fisiologia humana pode não só dar suporte as essas teorias como pode ser uma base fundamental pra dar valor real e verdadeira a muitas teses.

O aprendizado está ligado a uma facilidade de se aprender e compreender ou adaptar-se facilmente as situações da vida. (Ferreira, 2000, p. 395), em outras palavras saber tomar decisões, saber usar o que aprendeu. Em seu sentido mais amplo, “significa a capacidade cerebral pela qual conseguimos penetrar na compreensão das coisas, escolhendo o melhor caminho.” (ANTUNES, 1999, p.11)

Segundo ainda Antunes, para essa escolha há uma ligação da capacidade cerebral, por isso a importância de se compreender os mecanismos cerebrais responsáveis pela aprendizagem.
Não entrando nos aspectos fisiológicos da questão, que não nos cabe como educadores, mas sim a outras áreas do conhecimento. Para a educação cabe-se entender o processo e apropriar-se dele.
Em se tratando do lado direito, as pesquisas levam a entendê-lo como a parte responsável pela criativa, afetividade, emoções e intuições.
Se, portanto, o lado direito está subordinado ao esquerdo, subentende-se que a melhoria na aprendizagem condiz em compreendê-lo e torná-lo mais usual.
O interesse pelos processos cerebrais e sua função sobre as ações humanas levaram para o final do século XX, começo do século XXI a um grande movimento de auto-ajuda, influenciados por filosofias orientais, e outras fontes em pesquisas neurológicas, tendendo a desenvolver o lado direito do cérebro, ou seja, o lado criativo. E intuitivo das pessoas. Com isso, surgiu vários cursos que se baseiam em metodologias aplicadas às artes, músicas e relaxamentos para essas finalidades.
Betty Edwards, doutora em Artes e professora de Desenho da Universidade Estadual da Califórnia, através dos estudos realizados pelo Dr. Sperry, desenvolveu um método para distrair o hemisfério esquerdo e deixar livre o lado direito para se manifestar. Em seu método utiliza música apropriadas para diminuir o ritmo cerebral e ajudar o lado direito. A intuição então age e a mente traz as informações na hora para o que se precisa, a tendendo as necessidades para quem busca a amplitude da vida.
Se o hemisférico esquerdo é o lado racional responsável pela aprendizagem racional, ligado ao hemisférico direito de forma complementar, ou seja, usar o intuitivo e o criativo, seria então a mesma coisa de se usar o que chamaríamos e emocional.

“Podemos dizer, portanto, que, dentro do crânio, temos um cérebro duplo dotado de duas maneiras de saber. O hemisfério esquerdo, dominante, analisa, abstrai, conta, marca o tempo, planeja cada etapa de um processo, faz declarações racionais baseadas na lógica.
Por outro lado, temos uma segunda maneira de saber: a modalidade do hemisfério direito. Nesta modalidade “vemos” as coisas que talvez sejam imaginárias – que talvez só existam nos olhos da mente – ou relembramos coisas que talvez sejam reais ... Vemos como as coisas existem no espaço e como as partes se unem para formar o todo. Usando o hemisfério direito, compreendemos metáforas, sonhamos, criamos novas combinações de idéias. Quando algo é complexo demais para ser descrito podemos lançar mão de gestos comunicativos ... E, utilizando o hemisfério direito, somos capazes de desenhar imagens daquilo que percebemos. (EDWARDS, 1979, pp.47- 48)

Gollemam, em seu livro, Inteligência Emocional, relaciona a aprendizagem ao emocional ao processo de memória. Ele explica o conceito do cérebro Racional e o Cérebro Emocional (conceitos desenvolvidos pelo Dr Joseph Lê Dors). Segundo sua explicação as informações captadas que se transforma em conhecimentos, ligados aos sentimentos chega aos centros cerebrais e dão origem às ações, emoções, instintivas ou racionais, e a inteligência que acaba estruturada pela inteligência instintiva, inteligência racional e a inteligência emocional, Que se completam, na sua totalidade, de forma harmoniosa racional, instintiva e emocionalmente, trabalhando de forma equilibrada, quando exercitada, treinada acaba educando. Assim, a educação ocorre quando aprendemos a aprender.

“A aprendizagem envolve o uso e o desenvolvimento de todos os poderes, capacidades, potencialidades do homem, tanto físicas quanto mentais e afetivas” (RIOS, 1999, p. 46)

O conhecimento do conhecimento é a necessidade primeira. Segundo Cortella, ele também reforça o que Rios e Golemam defendem. O conhecimento não se reduz a modalidade cientifica, mas também a fatores estéticos, religiosos e afetivos. Para pensar conhecimento é necessário analisar o ser humano na realidade e em suas múltiplas dimensões. Os conhecimentos chegam até nós por dois caminhos pelos sentidos e pela razão.
Aprender pressupõe aprender um conhecimento. Conhecer um conhecimento é fator primário da aprendizagem. Compreender o ser humano, sua essência, se auto-conhecer passa a ser a prioridade de defesa da educação que pretendemos ter.

“Educação para a compreensão humana, (...) nela encontra-se a missão espiritual da educação: ensinar a compreensão entre as pessoas como condição e garantia da solidariedade intelectual e moral da humanidade” (MORIN, 2000, p. 93)

A Educação que a Sociedade necessita é uma educação que estabeleça uma relação com o mundo material e o mundo espiritual, que busque as verdades e oi conhecimento no interior do próprio homem, que redescubra suas verdadeiras necessidades, seus verdadeiros anseios e que supere os equívocos que a humanidade tem convencionado em termos de busca de sua auto realização.


Referências bibliográficas
ANTUNES, Celso. Alfabetização emocional: Novas estratégias. Petrópolis: Vozes, 1999CORTELLA, Mario Sergio. A escola e o Conhecimento: Fundamentos Epistemológicos e Políticos. São Paulo: Cortez, 1999.
EDWARDS, Betty. Desenhando com o Lado Direito do Cérebro. Trad. Roberto Raposo. São Paulo: Tecnoprint, 1984. FISCHER, Ernst. A Necessidade da Arte. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência Emocional. Trad. Marcos Santarrita. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995.
MORIN, Edgar. Os Sete Saberes Necessários à Educação do Futuro. Trad. Catarina Eleonora F. da Silva e Jeanne Sawaya. São Paulo: Cortez, 2000.
RIOS. Terezinha Azerêdo. Compreender e ensinar. Por uma docência da melhor qualidade. São Paulo: Cortez. 3.ª edição, 2002.